Reflexões

Ah a saudades…

Eis algo difícil de sentir…

Foto de Catharina Baratta

“Talvez a saudade seja uma das mais belas formas de afinidade, sem ela não teríamos a alegria do abraço de alguém que mesmo distante nos faz bem.” (Agatha Sthefanini)

A poeta Lilian Vereza, traz a sua definição do que é saudade para a poesia:

“Saudade é o sorriso que a alma dá por dentro. Quando a memória faz cosquinha no sentimento e traz à tona algo que respira no peito, fazendo leito para as presenças transparentes. Saudade é o que não se vê, é o que não se alcança, é o cheiro que existe na lembrança. Saudade é o sentimento que dá a mão com o ontem e o amanhã e nos deixa à margem de uma sensação de eterna infância. É o dia depois das ausências; a véspera de acertos de contas com as faltas acumuladas… Há quem afirme que saudade é um verso. Eu, conjugo saudade, ainda que lhe falte a rima, como um gole de sentimento.”

É curioso como a saudade está muito presente em nossas vidas, às vezes nos deparamos com algo que nos faz recordar os bons momentos já vividos.

Tem origem no latim “solitas, atis”, que pode significar solidão, desamparo, recolhimento. É utilizada para designar que se sente falta de algo, de alguém, de um lugar, pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados.

É um sentimento de nostalgia causado pela ausência que fica daquilo que partiu, daquilo que já não é mais. Às vezes, a saudade é um vazio tão grande e ocupa tanto espaço no coração, aperta tanto o peito que acaba transbordando e escorrendo pelos olhos.

Escutei a poucos dias: “você já está acostumada a sentir saudades!”

E não! Não estou! Sofro todas às vezes, principalmente quando minha família se vai para longe ou quando eu que vou embora de lá de onde moram. Mas entendo que a distância e a saudades, assim como todos os outros acontecimentos e sentimentos/emoções que carregamos, fazem parte do que aprendemos e nos tornamos ao longo da vida.

Sei que precisamos viver toda a dor da falta, para aprendermos a lidar com as situações que a vida nos trás. Caso o contrário, continuaremos a tentar mentir para nós mesmos para não sentirmos dor, o que irá apenas prolongar e intensificar o sofrimento. E também devemos nos permitir sentir todas as nossas emoções, incluindo a falta.

Reprimir um sentimento é prejudicial, mas senti-lo totalmente também pode nos atinge de maneira profunda. Principalmente quando se torna constante, podendo até desenvolver distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão.

Uma forma de aliviar a falta de algo, é olhar-lhe com gratidão. Ser grato por ter a oportunidade de vivenciar boas experiências e conhecer pessoas especiais. Relembrar não apenas um momento, mas o que ele significou para nós ameniza a tristeza.

A saudade nos faz resgatar boas memórias, e pode trazer a sensação de gratidão pelos momentos vividos. Entretanto, quando acreditamos que o passado nos dava mais alegria que o presente, é necessário reavaliar nossos pensamentos.

Por mais que a tristeza esteja presente, a saudade pode ser uma oportunidade de olharmos para dentro de nós e descobrir para qual direção queremos ir, com um maior autoconhecimento.

Superar a falta não significa esquecer. Pois, a saudade sempre irá morar em nós. No entanto, com o tempo, ela perde a melancolia e transforma-se em alegria. Passamos a olhar para trás sem sentir o peso do que não temos.

Cada um com a sua ausência, pois podemos sentir saudades, de um amigo ou família que mora distante, de uma comida que há muito não saboreamos, de uma cidade que conhecemos e que gostaríamos de voltar, de um período muito feliz de nossas vidas, saudades de quem fomos, dos filhos/irmãos quando crianças, dos que já partiram, da casa onde nascemos ou vivemos por muito tempo, de quando brincar era a única preocupação, etc.

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Foto de Catharina Baratta

Tenho saudade dos meus primeiros amores (mãe e irmãos) e daqueles que eles trouxeram para minha vida como sobrinhos e cunhados que moram distantes.

E você, do que ou de quem sente saudades?

Catharina Baratta Amante da vida! Libriana da gema. Mãe de uma princesa. Psicóloga minha profissão. Uma mente pensante como digo sempre. Aquela que estuda e planeja muito antes de decidir algo. Meu maior desejo sempre foi ser mãe. Minha maior dificuldade foi escolher minha carreira. Meu maior temor é envelhecer sem ter vivido bem. E posso auxiliar nas questões internas, como ansiedade, depressão, angústia, dúvidas e demais questionamentos internos. Que refletem nos comportamentos e atitudes tomadas diante dos problemas da vida. E no gerenciamento das emoções e como lidar com elas. Que todos possam se permitir ser o que são de verdade.

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